Sou eu, reconheço-me bem, mas não me lembro de ter tido envolvimento sexual com as duas pessoas que ali aparecem, o Rui Tavares e o Almir Agria.
Quando tudo aconteceu, em 2007, ela tinha 20 anos de idade, a caminho dos 21. Hoje Telma (nome fictício) conta 24 anos e é mãe de um petiz, que cuida com o bíblico amor das geradoras da vida.
Dispôs-se a falar com os jornalistas na casa onde nasceu e sempre viveu, no seio de uma família estruturada de Luanda, com o à-vontade de quem não se sente com culpa no cartório.
Aqui o resumo do diálogo de uma conversa que está circular pela internet:
Sabe que está na boca do mundo?
Sim, fiquei a saber no dia 14 de Outubro, uma quinta-feira.
Em que circunstâncias?
Uma prima veio à minha casa e mostrou-me para ver o vídeo que ela tinha no seu telemóvel. Perguntoume se reconhecia a moça que ali aparecia em cenas de sexo. Pensei que estivesse a brincar. Vi e disse-lhe que era eu.
Sabia da existência do vídeo?
Até esse dia não. Nem do vídeo nem que eu tivesse feito isso.
Mas é você, sim ou não?
Sou eu, reconheço-me bem, mas não me lembro de ter tido envolvimento sexual com as duas pessoas que ali aparecem, o Rui Tavares e o Almir Agria. Conta-nos bem isso… Conheço realmente as duas pessoas. O Rui conheci-o numa boleia que me deu na zona do aeroporto, em 2007, disse-me que trabalhava numa empresa com operação no mar, trocámos os números de telefone, fomos falando durante semanas, meses, e foi ele que me apresentou o Almir, algum tempo depois. Esteve com os dois fechada nalgum lugar… O Rui pediu-me um dia, por volta das 19 horas, para ir ao encontro dele numa paragem de autocarros próximo do aeroporto. Como era meu amigo e andava a conquistar-me, mas eu sempre a negar-lhe o pedido, fui até onde ele estava. Não vi mal nenhum nisso. Quando entrei para o carro que me disse ser do Almir Agria, o Rui ofereceu-me um sumo, de um pacote Compal que ele tinha no carro. Bebi num copo descartável e ficamos a conversar. Comecei a sentir calor, disse-lhe isso, e ele então disse que era melhor irmos a um lugar mais confortável, no Mártires. E arrancou com o carro.
Para onde foram concretamente?
Chegámos a uma casa, ele abriu a porta e estava o Almir Agria deitado numa cama. Perguntei-lhe o que estava o Almir a fazer ali e de quem era a casa. Rui disse-me para não pensar em nada e que ele, Rui, estava agora a morar ali, que tinha alugado aquele sítio. Ofereceu-me mais sumo, do mesmo pacote que estava no carro. E dali só me lembro que acordei, vestida, horas depois. Achei que já era tarde e ele levou-me para casa. Deixoume perto, numa paragem de táxi e disse-me o seguinte: “nunca digas a ninguém o que hoje aconteceu”. Fiquei sem entender nada. Ele foi-se embora e eu segui para minha casa, mas notei que estava cansada. Quando cheguei, a minha família estava a ver a novela.
Então não se lembra que aconteceu sexo com os dois amigos?
Não, nem nesse dia soube nem depois. Apenas me lembro de ter estado naquele quarto, bebido sumo e acordado vestida numa cama. A minha prima disse-me que eu fiz isto e aquilo com eles, que falava ao telefone com pessoas, não sei nada disso. Na minha vida isso nunca aconteceu. Qual foi a sua reacção quando a sua prima lhe mostrou o vídeo e contou tudo o que se dizia lá fora? Fiquei nervosíssima, pensei em matar-me. Procurou falar com um deles ou com os dois? Não tentei falar com nenhum deles. Mas encontrei numa agenda o número do Rui, a minha prima ligou para ele e ele disse que não sabia de nada. No vídeo pede a alguém que parece ser sua amiga que fosse juntar-se à “festa”.
Deste momento também não se lembra?
Disse-me a minha prima tudo isso. Eu não vi o vídeo e nem quero velo, não consigo, mas juro e estou aqui para repetir mil vezes que eu não me lembro de nada que tenha feito com os dois. Então acha que puseram-lhe alguma coisa na bebida, uma droga… Sim, porque das únicas coisas que me lembro foi chegar àquele quarto, ver o Almir Agria sentado na cama, vestido, ter bebido várias vezes sumo da Compal e mais tarde adormecer.
O Rui voltou a falar consigo depois desse dia?
Passou um tempo sem ligar, um ou dois meses. Quando ligou disse que não andava cá, mas ligou. Disse-lhe o que? Nada de especial, só me perguntava porque é que eu não aceitava namorar com ele. Eu lhe respondia o mesmo de sempre, que não estava interessada em namoros, só queria os meus estudos.
O que houve mais, na vossa relação?
Ligava ele, ligava também outras vezes o Almir. Diziam “olha, estamos aqui com umas moças, uns amigos, não queres vir? Eles querem-te conhecer. E eu perguntava: ‘queremme conhecer para quê?’. Comecei a desconfiar deles, mas mesmo assim não sabia que tinham feito alguma coisa comigo.
No dia do Mártires, então nem notou que estava a ser filmada?
Nada, nada e nada! Não vi nenhuma câmara de filmar, devia estar bem escondida, e eu só adormeci quando senti sono. A primeira vez na minha vida que soube que eu andava num vídeo desses foi quando a minha prima veio falar-me disso aqui mesmo em minha casa.
Quando foi que perdeu o contacto com o Rui e o Almir?
Em 2008 o Rui voltou a ligar insistentemente para mim. Fartei-me das ligações dele e um dia deitei o chip do meu telefone.
Qual é o seu estado de espírito agora?
As pessoas tratam-na mal, o que nota? Nada de especial, ninguém me tratou mal, encontro-me com as pessoas do bairro, mas tenho evitado sair.
=Platina=
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